Escolhermos instintivamente aquilo que nos é prejudicial, deixarmo-nos seduzir pelos motivos desinteressados, eis a fórmula da decadência. “Não procuro o meu próprio interesse” é a parra moral que tapa uma realidade muito diferente, uma realidade fisiológica: “Já não sei qual é o meu interesse”.
É a desagregação dos instintos! Quando o homem começa a ser altruísta isto é o seu fim. Em vez de dizer ingenuamente “Já não presto para nada”, o homem decadente recorre à mentira moral e diz: “Não há nada que preste, a vida não vale nada.”
Semelhante juízo acaba por ser perigoso, pois tem uma acção contagiosa – e desponta então, no solo mórbido da sociedade, toda uma vegetação tropical de ideias, quer religiosas (…), quer filosóficas (…). E pode acontecer que essa vegetação de árvores venenosas, nascidas da podridão, envenenem a vida durante séculos, com as emanações que exalam.
– Friederich Nietzche
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