A Natureza
Deixa que o luar banhe a tua face e o corpo,
Filtrado pela neblina gelada do amanhecer.
Deixa que o frio te invada até que fiques a tremer,
E penetre bem fundo na carne e nos ossos,
Até te sentires despojado de todo o teu orgulho
E te curves perante a Natureza.
Para que recordes…,
Para que retrocedas no tempo e voltes a pensar
E a sentir como dantes sentias,
O medo…,
O amor do filho que sabe quem é a sua mãe,
A mãe de toda a humanidade,
A mãe à espera que a salves daquilo que mais temes
E que nunca dominarás, ingrato filho desnaturado;
Daquilo que ela dominava tão milagrosamente bem
Antes de te ter gerado e que estragasses tudo
Destruísses tudo.
Ser humano, terror e morte, mágicas palavras.
Criatura indigna!
Que sentes quando o mundo estrebucha aos teus pés?
O teu estômago sensível não se revolve com o balanço?
Causas-me vómitos!
E contudo a Lua vai brilhando,
Fracamente, receosamente, mas brilhando,
Filtrada pela fumarada das fábricas,
Qual testemunha horrorizada que não consegue fechar os olhos
Para não ver o que não quer ver.
Ora tu precisas de ver essa merda,
Ingrato aborto desnaturado,
Olha o que fazes.
Lanço desesperadamente apelo
A essa tua porca faceta de ambicioso:
Salva da morte quem sem ti a soube dominar.
Sem ela é a tua morte, oh tu que não a dominas.
Ainda mal nasceste e já te dás ares.
Vence o teu último e mais tenebroso medo
Com o exemplo ali à mão… Salva-te da morte.
Se bem que a Lua ainda vá brilhando…
- C@nd.
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