A Educação versus Ciência, Disciplina, Liberdade e Segurança
Penso por isso que uma certa dos de disciplina na educação é necessária, não somente por razões de saúde, mas também para habituar as crianças a um comportamento social que torne desnecessárias as contendas perpétuas. A formação do hábito deve, pois, desempenhar um papel importante na primeira educação.
Há no entanto uma espécie de liberdade que a educação devia preservar, embora raramente o faça. Refiro-me à liberdade emocional. As razões que a recomendam são várias: por um lado, um domínio demasiado sobre as emoções é amortecedor e provoca uma perda de vitalidade; por outro lado, as emoções que não encontram uma saída tornam-se num mal e acabam por se transformar noutras muito mais perniciosas. Há ainda uma terceira razão: sempre que uma sociedade é demasiado limitada por regras convencionais, consideram-se indesejáveis muitas emoções que de facto são inofensivas.
Ao passo que a disciplina é necessária, tanto em relação aos factos científicos, como em relação a alguns hábitos úteis à vida social, já a educação deve exercer a menor disciplina possível sobre as emoções. Acima de tudo, nunca se deve forçar uma criança a exprimir um sentimento que não seja sincero. Com raras excepções, o que é necessário é uma acção positiva e não negativa. O importante é o que a criança faz, não aquilo que não faz. (…)
A criança precisa principalmente de duas coisas: liberdade para se desenvolver e segurança. A segurança, encontra-a na afeição e rotina. As crianças não se sentem em segurança quando não sabem mais ou menos o que as espera. Embora deixem de estar rodeadas de tabus, não se podem abandonar inteiramente à sua iniciativa. Os adultos inteligentes devem sugerir-lhes ocupações que lhes agradem e terão a arte de lhas sugerir num tom de voz que as incline mais a dizer “sim” do que “não”.
- Bertrand Russell.
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