Friday, April 18, 2008

Pensamento Anarquista e Revivalista do Dia


Teoria das Cavernas

Aposto num jogo interessante entre mim e a lógica. A minha filosofia atira-me cá para fora e eu não gosto. Todo o mundo é uma caverna. Caverna de ideias ou de actos. Gosto de ir contra mim, por isso escrevo desta maneira, tão cruel para mim e para os outros. Uma caverna mental enterra-nos e encerra-nos numa campânula brilhante e suave.

Macia, ora bem! Potentes são as brocas, actualmente, por isso rapamos frio, de vez em quando, quando inadvertidamente furamos a nossa campânula. Desvios, fugas, ânsias de actividade ou de ócio, paixão, são coisas que raramente temos. Temos sim, uma saciedade desagradável e inibidora que nos silencia a verdade, e nos enfraquece o ímpeto.

Justifiquêmo-nos. Qualquer entusiasmo poderoso de outrem, tomado por nós como louco, dado que foge às nossas linhas normais de pensamento, produz um empolgamento frenético e extenuante, todavia irremediavelmente fugaz. As cavernas têm um grande poder de recuperação, restauram-se depressa.

Somos umas velhas cavernas a cheirar a mofo de tão pouco arejadas; vivemos a lutar contra as nossas impossibilidades e duma maneira bastante estúpida e ilógica, como seria de esperar; temos cavernas no lugar dos olhos e a nossa boca é uma toca manifestamente vazia de conteúdo nas palavras que dela saem.

Fugimos de nós e da nossa consciência de homens solidários com a nossa espécie. Pretendemos a modificação do mundo através do deixar correr e da esperança, queremos melhores quaisquer-coisas. Não interessa, afinal! Nunca mexeríamos uma palha que fosse, com vista a isso.

Somos um bando de tristes, que andam a monte e no mundo por ver andar os outros, e porque – isto é importante – não temos coragem sequer para perdoar quem atenta activamente contra si mesmo, pois morrer dói menos aos que vão… que aos que ficam.

- C@nd.(1978)

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