Estivera preso seis meses e agora olhava as árvores e o sol como se tivesse inventado a primavera. Levantara-se cedo, redescobrira a cidade, voltava ao seu quarto exíguo para procurar um livro.
Abriu a porta. Um pacote insólito sobre a mesa. Quem o teria colocado ali? Rasgou a embalagem e ouviu, sem surpresa:
- Traficante de tóxicos, hem?
Não adiantava retorquir. Caíra na velha armadilha. Saíu com os homens atrás. No corredor voltou-se e encarou os dois indivíduos soturnos e pesadões:
- Vocês querem destruir-me, não é?
E eles responderam, numa só voz:
- Queremos.
- Sidónio Muralha
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