Uma sociedade de puras inteligências talvez já não chorasse, mas rir, provavelmente ainda riria.
– Henri Bergson
Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada,
E que para de onde veio volta depois
Quase à noitinha pela mesma estrada.
Eu não tinha que ter esperanças - tinha só que ter rodas...
A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco...
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.
- Alberto Caeiro (Fernando Pessoa, 1º de 4 Tomos em que "o Pastor" está doente)
Ódio antigo não cansa. Longamente embalado, torna-se engenhoso e prudente.
– José Régio
Proteger a Natureza
No fim de contas, o que é importante não é pensar se a humanidade possui um nível energético mais alto ou mais baixo do que as plantas, se nós existimos porque um belo dia apareceu o sol, ou se foi a lua que com as estrelas de todo o universo se conjugou num esforço titânico com o único objectivo de nos criar. Tudo isso poderá ser belo, mas não deixa de ser um impalpável absurdo, um absurdo inútil quando comparado com a nossa vontade de viver e a nossa inconsciência inadvertida de nos aproximarmos da morte. Ninguém aprecia um poema quando ninguém existe.
Já nem falo da estética, da poesia que é defender uma natureza intacta, dos equilíbrios biológicos e ecológicos que nos criaram e como tal serviram para que a nossa vida pudesse ser, enquanto constituíamos um pequeno grupo nela perfeitamente integrado. Falo sim da incerteza, do perigo que é o de nos deixarmos levar pela nossa busca de modificar o mundo, de procurarmos o ambiente que se nos assemelha ideal, para que evoluamos nele e passemos a gostar de alimentos sintéticos e destruamos as espécies que aparentemente não nos fazem falta, alterar os gostos e defender o prazer pelo prazer, sem sabermos de facto como poderemos amanhã sair-nos com as consequências de termos feito o que fizemos, mas que confiamos descobrir sempre saída, até ao cataclismo final que nos tire de uma vez só todas as hipóteses, qual destino impiedoso e fatal do jogador que arrisca com todas as chances contra ele, num confiante palpite que é a natural capacidade de procurar resolver os problemas apenas quando eles nos aparecem, já só quando eles podem ser irremediáveis…, quando o seu remédio está hoje ao alcance da mão, através de um controlo de nós mesmos e da nossa expansividade, através de uma defesa de tudo quanto existe que seja de eliminação irreversível, enquanto conscientes de que não se provou o pouco impacto do seu desaparecimento…
É preciso olhar para a frente até onde a nossa vista enxerga, para evitarmos dar cabeçadas em postes e cair em precipícios insondáveis. É preciso dar a atenção que merece à nossa merda natural de sermos criativos e inconscientes ansiosos de controlar o mundo, porque, tendo o poder sem a capacidade, vamos é descontrolá-lo e destruirmo-nos. É preciso virarmo-nos para o controlo da nossa expansão demográfica e sabermo-nos parte de um ciclo equilibrado, sobre o qual pende uma bomba de efeito retardado activável por um botão perfeitamente ao nosso alcance.
O descontrolo da investigação científica é uma liberdade que temos de subordinar à sobrevivência da espécie e do planeta, para que o homem possa, de disparate em disparate, continuar a optar pelo disparate. Nada de processos irreversíveis.
- C@nd., (1979)
Nenhuma outra bebida tem um barato sensual como o vinho, em especial o champanhe. A resistência feminina vai se erodindo em malevolências convidativas. Mulher e Champanhe são uma combinação única, superior à relação entre maridos e cerveja. – A. D.
No Porto é todo mundo muito simpático, é um povo muito hospitalar.
- Deco
Estava aqui tão bem! Em que é que eu vou beneficiar economicamente?
– Filipe Scolari
Para tudo há remédio, menos para a morte. — Contra vim mortisnon est medicamen in hortis.
As quatro canções que seguem
Separam-se de tudo o que eu penso,
Mentem a tudo o que eu sinto,
São do contrário do que eu sou...
Escrevi-as estando doente
E por isso elas são naturais
E concordam com aquilo que sinto,
Concordam com aquilo com que não concordam...
Estando doente devo pensar o contrário
Do que penso quando estou são.
(Senão não estaria doente)
Devo sentir o contrário do que sinto
Quando sou eu na saúde,
Devo mentir à minha natureza
De criatura que sente de certa maneira...
Devo ser todo doente - ideias e tudo.
Quando estou doente, não estou doente para outra cousa.
- Alberto Caeiro (heterónimo de Fernando Pessoa)
O espírito é o seu próprio lugar, e em si mesmo pode transformar o Inferno em Céu e o Céu em Inferno.
– Satã de Milton
O que é ruim de passar é bom de lembrar. — Quae fuit durm pati meminisse dulce est.
Expresso UEFA confirma Fonte oficial do organismo que tutela o futebol europeu anunciou que o recurso do FC Porto só será avaliado depois do arranq... |
Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa. Se possível, com a ajuda do Brasil.
- Agostinho da Silva
Maturidade
O homem responsável é o homem que pode prometer, o que possui em si mesmo a consciência nobre e vibrante do que conseguiu, a consciência da liberdade e do poderio. O homem “livre” é o senhor de uma vasta e indomável vontade e acha nessa posse a sua “tábua de valores”. Responder por si mesmo e responder com orgulho, aprovar-se a si mesmo, eis um fruto maduro.
– Friederich Nietzche
A mulher está sempre ao lado do homem, para o que der e vier; já o homem, está sempre ao lado da mulher que vier... e der.
Experiência não é o que acontece ao homem. mas é o que o homem faz com o que lhe acontece.
- Aldous Huxley
Incorrecto, falso e impertinente. Tentativa inútil de superiorização por ter tido o azar em esbarrar contra um espírito forte. – A. D.
O entusástico respeito pela palavra “Futuro”, e por tudo quanto ela oculta, deve incluir-se entre as mais ingénuas ideologias do passado Século.
– Georges Duhamell
A Emancipação
É difícil lutar quando amamos o inimigo. Quando pensamos que à sua maneira talvez ele nos ame também, quando percebemos que incompreensivelmente, duma forma chocante, não nos compreende, quando sabemos que isso é irremediável…
Ora bolas para o amor que se tem para um objecto. Uma pessoa não é uma coisa, poça! Moldam-se plasticinas, vestem-se e despem-se bonecas que se adoram, fazem-se e desfazem-se construções a nosso bel-prazer… Um ser humano não existe para ser moldado. Um ser humano não é um boneco. Não é o que outros foram, nem o que gostariam de ter sido. Não ao ser-humano-objecto!
Mas onde bate o ponto é que nem sempre os lados combatem com as mesmas armas: uma flor contra uma metralhadora! Por isso há mais um inimigo, nós mesmos.
Deus e o diabo, o bem e o mal, a flor e a metralhadora, são valores, não princípios. O verdadeiro princípio é o da liberdade. E só se conquista, ganhando a batalha. Com uma flor na mão, mas com uma metralhadora na outra. Quiçá assim pudéssemos, num dia longínquo, banir as metralhadoras… Mas acima de tudo só assim se poderá escolher entre a flor e a metralhadora. Escolher entre a vida e a morte, arriscando a vida, mas sem oferecer a outra face, deixando-nos assim amordaçar como uns estúpidos…
- C@nd.
O sexo é como uma estação de serviço: às vezes recebe-se um serviço completo; outras vezes tem que se pedir para se ser atendido e há vezes em que temos que nos contentar com o self-service!
- A. D.
Tudo é vago até um grau que nós não compreendemos senão quando tentamos torná-lo preciso.
– Bertrand Russel
Flaubert e Rodin são umas bostas perto do sentido estético de vida que é tomar um Champagne escorrendo por um avantajado par de peitos femininos. Champagne é vinho para se tomar no corpo, na pele feminina. Taças são usadas para consumo imediatamente anterior ao consumo pela pele, para ocasionar alteração ligeira do estado de consciência feminino, possibilitando a bem querença corporal, necessária ao consumo adequado pelos seios e reentrâncias íntimas. Poucas coisas na vida humana se comparam a tais momentos. Champagne e corpos disponíveis são a "ratio essendi" de uma sociedade mais justa!.
– A. D.
Não se ouve música quando se pensa que música é apenas música.
– António Vitorino de Almeida
Os problemas do nosso país são essencialmente agrícolas: excesso de nabos; falta de tomates e muito grelo abandonado. – A. D.
Para identificar uma agressão potencial, é precico perceber que o essencial não é que o outro seja atacado, mas simplesmente se sinta atacado. - Vera F. Birkenbihl
HÁ PALAVRAS QUE NOS BEIJAM
Há palavras que nos beijam
A política é a arte de aprender a viver com a decepção. – José Sócrates
Não há disfarce capaz de ocultar o amor quando ele existe nem de simulá-lo quando ele já não existe. – La Rochefoucauld
Deixa que o luar banhe a tua face e o corpo,
Filtrado pela neblina gelada do amanhecer.
Deixa que o frio te invada até que fiques a tremer,
E penetre bem fundo na carne e nos ossos,
Até te sentires despojado de todo o teu orgulho
E te curves perante a Natureza.
Para que recordes…,
Para que retrocedas no tempo e voltes a pensar
E a sentir como dantes sentias,
O medo…,
O amor do filho que sabe quem é a sua mãe,
A mãe de toda a humanidade,
A mãe à espera que a salves daquilo que mais temes
E que nunca dominarás, ingrato filho desnaturado;
Daquilo que ela dominava tão milagrosamente bem
Antes de te ter gerado e que estragasses tudo
Destruísses tudo.
Ser humano, terror e morte, mágicas palavras.
Criatura indigna!
Que sentes quando o mundo estrebucha aos teus pés?
O teu estômago sensível não se revolve com o balanço?
Causas-me vómitos!
E contudo a Lua vai brilhando,
Fracamente, receosamente, mas brilhando,
Filtrada pela fumarada das fábricas,
Qual testemunha horrorizada que não consegue fechar os olhos
Para não ver o que não quer ver.
Ora tu precisas de ver essa merda,
Ingrato aborto desnaturado,
Olha o que fazes.
Lanço desesperadamente apelo
A essa tua porca faceta de ambicioso:
Salva da morte quem sem ti a soube dominar.
Sem ela é a tua morte, oh tu que não a dominas.
Ainda mal nasceste e já te dás ares.
Vence o teu último e mais tenebroso medo
Com o exemplo ali à mão… Salva-te da morte.
Se bem que a Lua ainda vá brilhando…
- C@nd.
Veteranos são aqueles que aceitam o terrorismo dos mal-entendidos políticos e humanos. - Agustina Bessa Luís
Fazer qualquer coisa que não nos apetece porque se pode fazer de graça, utilizar um objecto de que se não gosta porque não nos custou nada, e isso quando vivemos com desafogo, é sinal característico – e que nunca engana – de mediocridade. – Henri de Montherlant
Conheci um cavalheiro que toda a vida se orgulhou de ser um entendido em vinho tinto. Considerava esta faculdade como um mérito positivo e nunca duvidou de si. Morreu de consciência tranquila, mas triunfante; e tinha inteira razão. - Dostoievsky
À porta do mundo surgiu quem a mão estendeu, e lentamente a fechou, sentindo nela a pobreza da humanidade. - Miuel
Prioridades
- Papá, quanto ganhas tu à hora?
Muito surpreso, o pai atira um olhar ao seu filho e responde:
- Ouve, meu filho, nem a tua mãe, se calhar, sabe. Deixa-me um pouco tranquilo. Tive um dia esgotante, estou cansado.
- Anda, Papá, diz-me. Quanto ganhas tu numa hora de trabalho?
Finalmente, o pai responde duramente:
- Cerca de 40 Euros à hora, os nossos amigos americanos diriam 50 dólares.
- Papá, podes emprestar-me 20 Euros? - pergunta a criança.
Mostrando a sua fadiga e o seu nervoso, o pai zanga-se:
- Era por isso que querias saber quanto ganho à hora? Para te emprestar dinheiro! Anda, vai dormir e pára de me enervar!
À noite, o pai repensou no que tinha dito ao seu filho. Será que ele queria comprar qualquer coisa de importante para ele, ou para dar um presente à mãe? (...) Para estar em paz com a sua consciência, ele vai ao quarto do seu filho.
- Já dormes, filho?
- Não papá, porquê?
- Tens aqui o dinheiro que me pediste - diz o pai.
- Obrigado, oh obrigado papá! - O rapaz põe a sua mão debaixo da almofada e tira 20 Euros. - Agora, já tenho o dinheiro suficiente! Agora tenho 40 Euros!!!
O pai olha para o filho, admirado, e não compreende a sua alegria.
- Papá, podes vender-me uma hora do teu tempo?
- A. D.