Friday, June 27, 2008

Poema do Dia


O Guardador de Rebanhos, Tomo XVI

Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois

Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada,

E que para de onde veio volta depois

Quase à noitinha pela mesma estrada.

Eu não tinha que ter esperanças - tinha só que ter rodas...

A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco...

Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas

E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.


- Alberto Caeiro (Fernando Pessoa, 1º de 4 Tomos em que "o Pastor" está doente)


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