Aliado à desgraça, a uma certa dignidade interior intacta e à fúria dos elementos, o grotesco torna-se profundamente impressionante. – José Régio
Bem-Vindo
Friday, May 30, 2008
Frase do Dia
Poema do Dia
A DÉBIL
- Cesário VerdeEu, que sou feio, sólido, leal,
A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te, sempre, recatada
Numa existência honesta, de cristal.
Sentado à mesa dum café devasso,
Ao avistar-te, há pouco, fraca e loura,
Nesta Babel tão velha e corruptora,
Tive tenções de oferecer-te o braço.
E, quando socorreste um miserável,
Eu, que bebia cálices de absinto,
Mandei ir a garrafa, porque sinto
Que me tornas prestante, bom, saudável.
"Ela aí vem!" disse eu para os demais;
E pus-me a olhar, vexado e suspirando,
O teu corpo que pulsa, alegre e brando,
Na frescura dos linhos matinais.
Via-te pela porta envidraçada;
E invejava, – talvez que o não suspeites! –
Esse vestido simples, sem enfeites,
Nessa cintura tenra, imaculada.
Ia passando, a quatro, o patriarca,
Triste eu saí. Doía-me a cabeça.
Uma turba ruidosa, negra, espessa,
Voltava das exéquias dum monarca.
Adorável! Tu, muito natural,
Seguias a pensar no teu bordado;
Avultava, num largo arborizado,
Uma estátua de rei num pedestal.
Sorriam, nos seus trens, os titulares;
E ao claro sol, guardava-te, no entanto,
A tua boa mãe, que te ama tanto,
Que não te morrerá sem te casares!
Soberbo dia! Impunha-me respeito
A limpidez do teu semblante grego;
E uma família, um ninho de sossego,
Desejava beijar sobre o teu peito.
Com elegância e sem ostentação,
Atravessavas branca, esbelta e fina,
Uma chusma de padres de batina,
E de altos funcionários da nação.
"Mas se a atropela o povo turbulento!
Se fosse, por acaso, ali pisada!"
De repente, paraste embaraçada
Ao pé dum numeroso ajuntamento.
E eu, que urdia estes fáceis esbocetos,
Julguei ver, com a vista de poeta,
Uma pombinha tímida e quieta
Num bando ameaçador de corvos pretos.
E foi, então, que eu, homem varonil,
Quis dedicar-te a minha pobre vida,
A ti, que és ténue, dócil, recolhida,
Eu, que sou hábil, prático, viril.
Humor Machista do Dia
Uma senhora feia traz um cão pela trela. Passa um rapaz e o cão começa a ladrar. O rapaz pergunta:
- Morde?
- Não. – responde a senhora feia.
- E o cão?
(Tó)
Thursday, May 29, 2008
Momento Nostálgico do Dia
A Truta
Frescuras de arvoredos, luzes coadas pela ramaria, viçosas relvas salpicadas de prímulas e de botões de oiro…
Piscos-de-peito-ruivo e rouxinóis esfarelam cristais algures…
Tchoc, tchoc, tchoc, foge espantadiço um melro vestido de noite, enquanto os gaios zaragateiam na distância, krre – krre…
E depois a água maravilhosa, de vidro derretido, abraçando-se aos moledos, roçando-se pelas margens, coleando e enleando-se em si própria com jeitos de lascívia, abandonando-se, deixando-se ir numa oferta total, como entregando-se a uma força que a puxasse lá de longe, sabe-se lá donde, e que a conduzisse sempre mais para diante, sempre mais para a frente…
De súbito, ergue-se a apoteose do altar-mor duma cascata, ao lado da qual a pluma se pousa no centésimo lançamento do dia… Uma visão de beleza rebolha e a cana verga… Ah, uma truta!...
- A. D., lido algures numa revista que já não sei se tenho, chamada “Diana”, de caça, pesca e hipismo, extinta poucos anos depois do 25 de Abril (1980?).
Definição do Dia
A História é um conjunto sancionado de mentiras. – Napoleão (15/08/1769 - 05/05/1821)
Wednesday, May 28, 2008
Poema do Dia
O Guardador de Rebanhos, Tomo XIV
Não me importo com as rimas. Raras vezes
Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra.
Penso e escrevo como as flores têm cor
Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-me
Porque me falta a simplicidade divina
De ser todo só o meu exterior.
Olho e comovo-me,
Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado,
E a minha poesia é natural como o levantar-se o vento...
- Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
Definição do Dia
Não, a vida não é uma festa permanente e imóvel, é uma evolução constante e rude. – Ramalho Ortigão
Tuesday, May 27, 2008
Frase do Dia
Os grandes factores de vitória do racional sobre o animal são o cálculo, a confiança e a força de vontade. – C@nd.
Pensamento Amoral do Dia
A Moral
Há duas espécies de moral a que podemos chamar, respectivamente, de moral do medo e moral da esperança. A primeira esforça-se por evitar as catástrofes, enquanto a outra procura criar qualquer coisa que seja considerada boa e agradável.
A moral do medo tem sido muito mais predominante, tanto na formação dos códigos de moral, como na consciência ética dos indivíduos, O pecado, ou culpa, para empregar o termo preferido pelos psicanalistas, consiste essencialmente em ceder aos impulsos perigosos. A moral do medo julga impossível, ao mesmo tempo, prevenir as circunstâncias que causam tais impulsos e encontrar-lhe satisfações inofensivas. Propõe-se dar-lhes remédio aumentando o medo que elas inspiram e acrescentando às usas consequências naturais a ameaça de outros infortúnios. (…) Por exemplo, não deveis ceder à cólera, não somente pelo facto de que isso é perigoso, mas também porque uma coisa chamada ‘lei moral’ a condena e faz dela um pecado. (…) Fazendo intervir o ‘fogo do inferno’, aumenta-se o medo que naturalmente o homem tem de atacar o seu semelhante, sem fornecer outro motivo, além do receio, para o dissuadir de uma atitude agressiva (…)
Há evidentemente um princípio positivo: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” Se suceder que na realidade amais o próximo, tudo vai bem; mas é impossível sentir o que quer que seja que mereça o nome de amor pela única razão de a lei moral o ordenar. Os nossos sentimentos não se submetem assim à direcção da nossa vontade. Quando pretendermos que assim seja, eles encarregar-se-ão de se realizarem, procurando alterar a nossa vontade sem que nos apercebamos disso. Se formos dos que cumprem a sua palavra, então pior para nós. Não é possível viver em condições quando o que sentimos é diferente do que pensamos que devemos sentir. (…)
Mas há outra emoção que se sente por vezes em relação a certas pessoas; é uma emoção que nos dá prazer. Podemos senti-la junto de uma pessoa que amamos, junto dos nossos filhos, principalmente se forem belos, alegres e afectuosos. É uma coisa absolutamente diferente daquela espécie de amor que podemos sentir em virtude de um preceito moral. O medo não representa nele nenhum papel e, quando é forte e são, suprime todo o impulso agressivo. Quando contemplais uma bela paisagem ou um belo quadro, se sois são de espírito, nada vos incitará a destruí-lo, nem direis: “devo amar esta paisagem com medo que ela se levante e me mate”. (…)
Todo o conceito de pecado é assim resultado do medo ante uma parte de nós próprios e traduz o conflito entre o desejo e a prudência. (…)
O domínio de si próprio, embora eu não negue de forma alguma a sua necessidade em muitas circunstâncias, não é a melhor forma de conseguir que um ser humano se conduza bem. Tem o inconveniente de diminuir a energia e as faculdades criativas. É como uma pesada armadura que, ao mesmo tempo que impede o vosso braço de bater nos vossos vizinhos, o torna igualmente incapaz de um movimento útil. Os que não têm outro apoio além da disciplina que se impõem a si mesmos tornam-se obstinados e timoratos com receio de si próprios. Mas os impulsos aos quais eles não permitem qualquer saída continuam a existir neles e, tal como os rios represados, cedo ou tarde transbordarão. As forças que opomos à função natural que é o desabrochar da nossa própria vida, ou se atrofiam, ou acabam por ter uma saída perturbando a vida de outrem. (…)
A única forma de abrir caminho a um progresso fundamental nesta psicologia do medo e da culpa, do castigo e da recompensa, é suscitar no homem, enquanto ainda jovem, impulsos e atitudes que o conduzam a uma existência que não implique nenhum conflito com o seu semelhante, porque as coisas desejadas dependerão do desabrochar das suas faculdades e das suas actividades construtiva, não de uma dominação exercida sobre outrem. (…)
Não se pode no entanto desembaraçar a vida de todos os perigos, caso contrário tornar-se-ia insuportavelmente fastidiosa. Os riscos são portanto indispensáveis, e aqueles que tremem à sua menor aproximação condenariam a sociedade, se um dia triunfassem, à esterilidade e à ossificação.
- Bertrand Russell
Interpelação Anarquista do Dia
V@mo-nos embora. Já metemos muito nojo aqui. V@mos meter nojo para outro sítio.
- Lino (*)
(*) (ou um nosso governante muito conhecido?...)
Instrução Ironicamente Anacrónica do Dia
O essencial é tornarmo-nos senhores e possuidores da Natureza. – Descartes.
Monday, May 26, 2008
Frase do Dia
O que seria do mundo sem a mulher!... Dai às paixões todo o ardor que puderes, aos prazeres mil vezes intensidade, aos sentidos a máxima energia e convertereis o mundo em paraíso, mas tirai dele a mulher, e o mundo será um ermo melancólico, os deleites serão apenas prelúdio do tédio. – Alexandre Herculano
Poema do Dia (Ai o Eterno Feminino!...)
Charneca em Flor
Enche o meu peito, num encanto mago,
O frémito das coisas dolorosas...
Sob as urzes queimadas nascem rosas...
Nos meus olhos as lágrimas apago...
Anseio! Asas abertas! O que trago
Em mim? Eu oiço bocas silenciosas
Murmurar-me as palavras misteriosas
Que perturbam meu ser como um afago!
E, nesta febre ansiosa que me invade,
Dispo a minha mortalha, o meu burel,
E já não sou, Amor, Soror Saudade...
Olhos a arder em êxtases de amor,
Boca a saber a sol, a fruto, a mel:
Sou a charneca rude a abrir em flor!
- Florbela Espanca
Provérbio do Dia
Ver-te e amar-te é obra de um momento. Mandar-te àquela parte ainda vai em menos tempo.
Wednesday, May 21, 2008
Pensamento do Dia
As Horas
Há horas para tudo.
Há terror no “já passa” e no “estamos atrasados”,
E as horas controlam-nos.
Fomos nós que o escolhemos, para o tudo que temos!
Convém não esquecê-lo;
Nós somos as consequências de nós próprios.
- C@nd.
Definição Machista do Dia
Casamento é um relacionamento a dois, no qual uma das pessoas está sempre certa e a outra é a esposa. – A. D.
Tuesday, May 20, 2008
Frase do Dia
Todo o mundo, mais cedo ou mais tarde, toma lugar num banquete de consequências. – Robert Louis Stevenson
Poema do Dia
A esmola não cura a chaga;
mas quem a dá não percebe
que ela avilta, que ela esmaga
o infeliz que a recebe.
- António Aleixo
Resposta Indecente do Dia
- Olá, borracho, queres por cima ou queres por baixo?
- Quero pelo meio, que dá mais tacho.
Monday, May 19, 2008
Frase do Dia
O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.
- Fernando Sabino (frase errada e frequentemente atribuída a Fernando Pessoa).
Tipologia do Dia
A Guerra
Enquanto uns preferem os ataques subtis e melífluos, em degraus prudentes e seguros, retirando-se ao menor sinal de perigo, para atacar em seguida, persistentemente, seguramente, conseguindo alguns pequenos e satisfatórios resultados, sapo em panela ao lume brando (devagar se vai ao longe)…; outros preferem a guerra aberta declarada, franca, perigosa, jogando por vezes tudo numa só cartada, bastando para isso que as probabilidades de vitória se inclinem para o seu lado…; outros ainda aproveitam as distracções do inimigo para avançar, tendo por objectivo apenas a vitória, ora lutando declaradamente e explorando um ponto fraco, ora avançando às escondidas, traiçoeiramente, sem que disso se aperceba o seu antagonista… Finalmente, há os estúpidos, isto é, os leais e corajosos, os que respeitam o adversário e as regras do jogo.
- C@nd.
Humor Machista do Dia
Até aos cinquenta anos, todas as mulheres procuram fazer crer que são umas rapariguinhas; não há uma mulher em cem que não tenha dito pelo menos uma vez a um homem: “sabe muito bem que sou uma rapariguinha”. – Henri de Montherlant
Definição do Dia
Filosofia é a arte de encontrar uma má razão para aquilo em que se acredita instintivamente, escreveu Bradley. Como se se acreditasse , seja no que for, instintivamente! Acredita-se nas coisas porque se foi condicionado para acreditar nelas. Filosofia é, isso sim, a arte de encontrar más razões para aquilo em que se crê, em virtude de outras más razões. – Aldous Huxley
Provérbio do Dia
Se vires um faminto à beira-rio, não lhe dês peixe; ensina-o a pescar. (Provérbio Chinês)
Sunday, May 18, 2008
Friday, May 16, 2008
Frase do Dia
Eu estou pronto para me encontrar com o meu Criador, agora se o meu Criador está ou não preparado para a grande prova de Se encontrar comigo, isso já é outra matéria. – Winston Churchill
Manifesto ao Ódio do Dia
CENA DO ÓDIO
Ergo-Me Pederasta apupado d'imbecis,
Divinizo-Me Meretriz, ex-líbris do Pecado,
e odeio tudo o que não Me é por Me rirem o Eu!
Satanizo-Me Tara na Vara de Moisés!
O castigo das serpentes é-Me riso nos dentes,
Inferno a arder o Meu Cantar!
Sou Vermêlho-Niagara dos sexos escancarados nos chicotes
dos cossácos!
Sou Pan-Demónio-Trifauce enfermiço de Gula!
Sou Génio de Zaratrusta em Taças de Maré-Alta!
Sou Raiva de Medusa e Danação do Sol!
Ladram-Me a Vida por vivê-La
e só Me deram Uma!
Hão-de lati-La por sina!
Agora quero vivê-La!
Hei-de Poeta cantá-La em Gala sonora e dina
Hei-de Glória desanuviá-La!
Hei-de Guindaste içá-La Esfinge
da Vala pedestre onde Me querem rir!
Hei-de trovão-clarim levá-La Luz
às Almas-Noites do Jardim das Lágrimas!
Hei-de bombo rufá-La pompa de Pompeia
nos Funerais de Mim!
Hei-de Alfange-Mahoma
cantar Sodoma na Voz de Nero!
Hei-de ser Fuas sem Virgem do Milagre,
hei-de ser galope opiado e doido, opiado e doido...
Hei-d' Átila, hei-de Nero, hei-de Eu,
cantar Atila, cantar Nero, cantar Eu!
Sou Narciso do Meu Ódio!
- O Meu ódio é Lanterna de Diógenes,
é cegueira de Diógenes,
é cegueira da Lanterna!
(O Meu Ódio tem tronos d' Herodes,
histerismos de Cleópatra, perversões de Catarina!)
O Meu ódio é Dilúvio Universal sem Arcas de Noé, só
Dilúvio Universal!
e mais Universal ainda:
Sempre a crescer, sempre a subir...
até apagar o Sol!
Sou trono de Abandono, mal-fadado,
nas iras dos Bárbaros meus Avós.
Oiço ainda da Berlinda d'Eu ser sina
gemidos vencidos de fracos,
ruídos famintos de saque,
ais distantes de Maldição eterna em Voz antiga!
Sou ruínas rasas, inocentes
como as asas de rapinas afogadas.
Sou relíquias de mártires impotentes
sequestradas em antros do Vício.
Sou clausura de Santa professa,
Mãe exilada do Mal, Hóstia d'Angústia no Claustro,
freira demente e donzela,
virtude sozinha da cela
em penitência do sexo!
Sou rasto espezinhado d'Invasores
que cruzaram o meu sangue, desvirgando-o.
Sou a Raiva atávica dos Távoras,
o sangue bastardo de Nero,
o ódio do último instante
do Condenado inocente!
A podenga do Limbo mordeu raivosa
as pernas nuas da minh'Alma sem baptismo...
Ah! que eu sinto, claramente,
que nasci de uma praga de ciúmes!
Eu sou as sete pragas sobre o Nilo e a Alma dos Bórgias a
penar!
Tu, que te dizes Homem!
Tu, que te alfaiatas em modas
e fazes cartazes dos fatos que vestes
p'ra que se não vejam as nódoas de baixo!
Tu, qu'inventaste as Ciências e as Filosofias,
as Políticas, as Artes e as Leis,
e outros quebra-cabeças de sala
e outros dramas de grande espectáculo
Tu, que aperfeiçoas sabiamente a arte de matar.
Tu, que descobriste o cabo da Boa-Esperança
e o Caminho Marítimo da índia
e as duas Grandes Américas,
e que levaste a chatice a estas Terras
e que trouxeste de lá mais gente p'raqui
e qu'inda por cima cantaste estes Feitos...
Tu, qu'inventaste a chatice e o balão,
e que farto de te chateares no chão
te foste chatear no ar,
e qu'inda foste inventar submarinos
p'ra te chateares também por debaixo d'água,
Tu, que tens a mania das Invenções e das Descobertas
e que nunca descobriste que eras bruto,
e que nunca inventaste a maneira de o não seres
Tu consegues ser cada vez mais besta
e a este progresso chamas Civilização!
Vai vivendo a bestialidade na Noite dos meus olhos,
vai inchando a tua ambição-toiro
'té que a barriga te rebente rã.
Serei Vitória um dia -Hegemonia de Mim!
e tu nem derrota, nem morto, nem nada.
O Século-dos-Séculos virá um dia
e a burguesia será escravatura
se for capaz de sair de Cavalgadura!
Hei-de, entretanto, gastar a garganta
a insultar-te, ó besta!
Hei-de morder-te a ponta do rabo
e por-te as mãos no chão, no seu lugar!
Ahi! Saltimbanco-bando de bandoleiros nefastos!
Quadrilheiros contrabandistas da Imbecilidade!
Ahi! Espelho-aleijão do Sentimento,
macaco-intruja do Alma-realejo!
Ahi! macrelle da Ignorância!
Silenceur do Génio-Tempestade!
Spleen da Indigestão!
Ahi! meia-tigela, travão das Ascensões!
Ahi! povo judeu dos Cristos mais que Cristo!
Ó burguesia! Ó ideal com i pequeno
Ó ideal ricócó dos Mendes e Possidonios
Ó cofre d'indigentes
Cuja personalidade é a moral de todos!
Ó geral da mediocridade!
Ó claque ignóbil do Vulgar, protagonista do normal!
Ó Catitismo das lindezas d'estalo!
Ahi! lucro do fácil,
cartilha-cabotina dos limitados, dos restringidos!
Ai! dique-impecilho do Canal da Luz!
Ó coito d'impotentes
a corar ao sol no riacho da Estupidez!
Ahi! Zero-barómetro da Convicção!
bitola dos chega, dos basta, dos não quero mais!
Ahi! Plebeísmo Aristocratizado no preço do panamá!
erudição de calça de xadrez!
competência de relógio d'oiro
e correntes com suores do Brasil,
e berloques de cornos de búfalo!
E eu vivo aqui desterrado e Job
da Vida-gémea d'Eu ser feliz!
E eu vivo aqui sepultado vivo
na Verdade de nunca ser Eu!
Sou apenas o Mendigo de Mim-Próprio,
órfão da Virgem do meu sentir.
E como queres que eu faça fortuna
se Deus, por escárnio, me deu Inteligência,
e não tenho sequer, irmãs bonitas
nem uma mãe que se venda para mim?
(Pesam quilos no Meu querer
as salas de espera de Mim.
Tu chegas sempre primeiro...
Eu volto sempre amanhã...
Agora vou esperar que morras.
Mas tu és tantos que não morres...
Vou deixar d'esp'rar que morras
- Vou deixar d'esp'rar por mim!)
Ah! que eu sinto, claramente, que nasci
de uma praga de ciúmes!
Eu sou as sete pragas sobre o Nilo
e a alma dos Bórgias a penar!
E tu, também, vieille-roche, castelo medieval
fechado por dentro das tuas ruínas!
Fiel epitáfio das crónicas aduladoras!
E tu também ó sangue azul antigo
que já nasceste co'a biografia feita!
Ó pajem loiro das cortesias-avozinhas!
Ó pergaminho amarelo-múmia
das grandes galas brancas das paradas
e das Vitórias dos torneios-lotarias
com donzelas-glórias!
Ó resto de cetros, fumo de cinzas!
Ó lavas frias do Vulcão pirotécnico
com chuvas d'oiros e cabeleiras prateadas!
Ó estilhacos heráldicos de Vitrais
despegados lentamente sobre o tanque do silêncio!
Ó Cedro secular
debruçado no muro da Quinta sobre a estrada
a estorvar o caminho da Mala-posta!
E vós também, ó Gentes de Pensamento,
ó Personalidades, ó Homens!
Artistas de todas as partes, cristãos sem pátria,
Cristos vencidos por serem só Um!
E vós, ó Génios da Expressão,
e vós também, ó Génios sem Voz!
ó além-infinito sem regressos, sem nostalgias,
Espectadores gratuitos do Drama-Imenso de Vós-Mesmos!
Profetas clandestinos
do Naufrágio de Vossos Destinos!
E vós também, teóricos-irmãos-gémeos
do meu sentir internacional!
Ó escravos da Independência!
Vós que não tendes prémios
por se ter passado a vez de os ganhardes,
e famintos e covardes
entreteis a fome em revoltas do Mau-Génio
no boémia da bomba e da pólvora!
E tu também, ó Beleza Canalha
Co'a sensibilidade manchada de vinho!
Ó lírio bravo da Floresta-Ardida
à meia-porta da tua Miséria!
Ó Fado da Má-Sina
com ilustrações a giz
e letra da Maldição!
Ó fera vadia das vielas açaimada na Lei!
Ó xale e lenço a resguardar a tísica!
Ó franzinas do fanico
co'a sífilis ao colo por essas esquinas!
Ó nu d'aluguer
na meia-luz dos cortinados corridos!
Ó oratório da meretriz a mendigar gorjetas
p'rá sua Senhora da Boa-Sorte!
Ó gentes tatuadas do calão!
carro vendado da Penitenciária!
E tu também, ó Humilde, ó Simples!
enjaulados na vossa ignorância!
Ó pé descalço a calejar o cérebro!
Ó músculos da saúde de ter fechada a casa de pensar!
Ó alguidar de açorda fria
na ceia-fadiga da dor-candeia!
Ó esteiras duras pra dormir e fazer filhos!
Ó carretas da Voz do Operário
com gente de preto a pé e filarmónica atrás!
Ó campas rasas, engrinaldadas,
com chapões de ferro e balões de vidro!
Ó bota rota de mendigo abandonada no pó do caminho!
Ó metamorfose-selvagem das feras da cidade!
Ó geração de bons ladrões crucificados na Estupidez!
Ó sanfona-saloia do fandango dos campinos!
Ó pampilho das Lezírias inundadas de Cidade!
ó trouxa d'aba larga da minha lavadeira,
Ó rodopio azul da saia azul de Loures!
E vós varinas que sabeis a sal
as Naus da Fenícia ainda não voltaram?!
E vós também, ó moças da Província
que trazeis o verde dos campos
no vermelho das faces pintadas!
E tu também, ó mau gosto
co'a saia de baixo a ver-se
e a falta d'educação!
Ó oiro de pechisbeque (esperteza dos ciganos)
a luzir no vermelho verdadeiro da blusa de chita!
Ó tédio do domingo com botas novas
e música n'Avenida!
Ó santa Virgindade
a garantir a falta de lindeza!
Ó bilhete postal ilustrado
com aparições de beijos ao lado!
E vós ó gentes que tendes patrões,
autómatos do dono a funcionar barato!
Ó criadas novas chegadas de fora p'ra todo o serviço!
Ó costureiras mirradas,
emaranhadas na vossa dor!
Ó reles caixeiros, pederastas do balcão,
a quem o patrão exige modos lisonjeiros
e maneiras agradáveis pròs fregueses!
Ó Arsenal fadista de ganga azul e coco socialista!
Ó saídas pôr-do-sol das Fábricas d'Agonia!
E vós também, ó toda a gente, que todos tendes patrões!
E vós também, nojentos da Política
que explorais eleitos o Patriotismo!
Macrots da Pátria que vos pariu ingénuos
e vos amortalha infames!
E vós também, pindéricos jornalistas
que fazeis cócegas e outras coisas
à opinião pública!
E tu também roberto fardado:
Futrica-te espantalho engalonado,
apoia-te das patas de barro,
Larga a espada de matar
e põe o penacho no rabo!
Ralha-te mercenário, asceta da Crueldade!
Espuma-te no chumbo da tua Valentia!
Agoniza-te Rilhafoles armado!
Desuniversidadiza-te da doutorança da chacina,
da ciencia da matança!
Groom fardado da Negra,
pária da Velha!
Encaveira-te nas esporas luzidias de seres fera!
Despe-te da farda,
desenfia-te da Impostura, e põe-te nu, ao léu
que ficas desempregado!
Acouraça-te de senso,
vomita de vez o morticínio,
enche o pote de raciocínio,
aprende a ler corações,
que há muito mais que fazer
do que fazer revoluções!
Ruína com tuas próprias peças-colossos
as tuas próprias peças colossais,
que de 42 a 1 é meio-caminho andado!
Rebusca no seres selvagem
no teu cofre do extermínio
o teu calibre máximo!
Põe de parte a guilhotina,
dá férias ao garrote!
Não dês língua aos teus canhões,
nem ecos às pistolas,
nem vozes às espingardas!
– São coisas fora de moda!
Põe-te a fazer uma bomba
que seja uma bomba tamanha
que tenha dez raios da Terra.
Põe-lhe dentro a Europa inteira,
os dois pólos e as Américas,
a Palestina, a Grécia, o mapa
e, por favor, Portugal!
Acaba de vez com este planeta,
faze-te Deus do Mundo em dar-lhe fim!
(Há tanta coisa que fazer, Meu Deus!
e esta gente distraída em guerras!)
Eu creio na transmigração das almas
por isto de Eu viver aqui em Portugal.
Mas eu não me lembro o mal que fiz
durante o Meu avatar de burguês.
Oh! Se eu soubesse que o Inferno
não era como os padres mo diziam:
uma fornalha de nunca se morrer...
mas sim um Jardim da Europa
à beira-mar plantado...
Eu teria tido certamente mais juízo,
teria sido até o mártir São Sebastião!
E inda há quem faça propaganda disto:
a pátria onde Camões morreu de fome
e onde todos enchem a barriga de Camões!
Se ao menos isto tudo se passasse
numa Terra de mulheres bonitas!
Mas as mulheres portuguesas
são a minha impotência!
E tu, meu rotundo e pançudo-sanguessugo,
meu desacreditado burguês apinocado
da rua dos bacalhoeiros do meu ódio
co'a Felicidade em casa a servir aos dias!
Tu tens em teu favor a glória fácil
igual à de outros tantos teus pedaços
que andam desajuntados neste Mundo,
desde a invenção do mau cheiro,
a estorvar o asseio geral.
Quanto mais penso em ti, mais tenho Fé e creio
que Deus perdeu de vista o Adão de barro
e com pena fez outro de bosta de boi
por lhe faltar o barro e a inspiração!
E enquanto este Adão dormia
os ratos roeram-lhe os miolos,
e das caganitas nasceu a Eva burguesa!
Tu arreganhas os dentes quando te falam d'Orpheu
e pões-te a rir, como os pretos, sem saber porquê.
E chamas-me doido a Mim
que sei e sinto o que Eu escrevi!
Tu que dizes que não percebes;
rir-te-has de não perceberes?
Olha Hugo! Olha Zola, Cervantes e Camões,
e outros que não são nada por te cantarem a ti!
Olha Nietzche! Wilde! Olha Rimbaub e Dowson!
Cesário, Antero e outros tantos mundos!
Beethoven, Wagner e outros tantos génios
que não fizeram nada,
que deixaram este mundo tal qual!
Olha os grandes o que são estragados por ti!
O teu máximo é ser besta e ter bigodes.
A questão é estar instalado.
Se te livras de burguês e sobes a talento, a génio,
a seres alguém,
o Bem que tu fizeres é um décimo de seres fera!
E de que serve o livro e a ciência
se a experiência da vida
é que faz compreender a ciência e o livro?
Antes não ter ciências!
Antes não ter livros!
Antes não ter Vida!
Eu queria cuspir-te a cara e os bigodes,
quando te vejo apalermado p'las esquinas
a dizeres piadas às meninas,
e a gostares das mulheres que não prestam
e a fazer-lhes a corte
e a apalpar-lhes o rabo,
esse tão cantado belo cu
que creio ser melhor o teu ideal
que a própria mulher do cu grande!
E casaste-te com Ela,
porque o teu ideal veio pegado a Ela,
e agora à brocha limpas a calva em pinga
à coca de cunhas p'ró Cunha examinador
do teu décimo nono filho
dezanove vezes parvo!
(É o caso mais exemplar de Constância e fidelidade
a tua história sexual co'a Felisberta,
desde o teu primogénito tanso
'té ao décimo nono idiota.)
'Té no matrimónio te maldigo, infame cobridor!
Espécie de verme das lamas dos pântanos
que de tanto se encharcar em gozos
o seu corpo se atrofiou
e o sexo elefantizado foi todo o seu corpo!
Em toda a parte tu és o admirador
e em toda a parte a tua ignorância
tem a cumplicidade da incompetência
dos que te falam 'té dos lugares sagrados.
Sim! Eu sei que tu és juiz
e qu'inda ontem prometeste a tua amante,
despedindo-a num beijo de impotente,
a condenação dos réus que tivesses
se Ela faltasse à matinée da Boa-Hora!
Pulha! E és tu que do púlpito
d'essa barriga d'Água da Curia
dás a ensinança de trote
aos teus dezanove filhos?!
Cocheiros, contai: dezanove!!!
Zute! bruto-parvo-nada
que Me roubaste tudo:
'té Me roubaste a Vida
e não Me deixaste nada!
nem Me deixaste a Morte!
Zute! poeira-pingo-micróbio
que gemes pequeníssimos gemidos gigantes
grávido de uma dor profeta colossal.
Zute! elefante-berloque parasita do não presta!
Zute! bugiganga-celulóide-bagatela!
Zute, besta!
Zute, bácoro!!
Zute, merda!!!
Em toda a parte o teu papel é admirar,
mas (caso inf'liz)
nunca acertas numa admiração feliz.
Lês os jornais e admiras tudo do princípio ao fim
e se por desgraça vem um dia sem jornais,
tens de ficar em casa nos chinelos
porque nesse dia, felizmente,
não tens opinião pra levares à rua.
Mas nos outros dias lá estás a discutir.
É que a Natureza é compensadora:
quem não tem dinheiro p'ra ir ao Coliseu
deve ter cá fora razões p'ra se rir.
Só te oiço dizer dos outros
a inveja de seres como eles.
Nem ao menos, pobre fadista,
a veleidade de seres mais bruto?
Até os teus desejos são avaros
como as tuas unhas sujas e ratadas.
Ó meu gordo pelintrão,
água-morna suja, broa do outro v'rao!
Os homens são na proporção dos seus desejos
e é por isso que eu tenho a Concepção do Infinito...
Não te cora ser grande o teu avô
e tu apenas o seu neto, e tu apenas o seu esperma?
Não te dói Adão mais que tu?
Não te envergonha o teres antes de ti
outros muito maiores que tu?
Jamais eu quereria vir a ser um dia
o que o maior de todos já o tivesse sido
eu quero sempre muito mais
e mais ainda muito pr'além-demais-Infinito...
Tu não sabes, meu bruto, que nós vivemos tão pouco
que ficamos sempre a meio-caminho do Desejo?
Em toda a parte o bicho se propaga,
em toda a parte o nada tem estalagem.
O meu suplício não é somente de seres meu patrício
ou o de ver-te meu semelhante,
tu, mesmo estrangeiro, és besta bastante.
Foi assim que te encontrei na Rússia
como vegetas aqui e por toda a parte,
e em todos os ofícios e em todas as idades.
Lá suportei-te muito! Lá falavas russo
e eu só sabia o francês.
Mas na França, em Paris - a grande capital,
apesar de fortificada,
foi assolada por esta espécie animal.
E andam p'los cafés como as pessoas
e vestem-se na moda como elas,
e de tal maneira domésticos
que até vão às mulheres
e até vão aos domésticos.
Felizmente que na minha pátria,
a minha verdadeira mãe, a minha santa Irlanda,
apenas vivi uns anos d'Infância,
apenas me acodem longinquamente
as festas ensuoradas do priest da minha aldeia,
apenas ressuscitam sumidamente
as asfixias da tísica-mater,
apenas soam como revoltas
as pistolas do suicídio de meu pai,
apenas sinto infantilmente
no leito de uma morta
o gelo de umas unhas verdes,
um frio que não é do Norte,
um beijo grande como a vida de um tísico a morrer.
Ó Deus! Tu que m'os levaste é que sabias
o ódio que eu lhes teria
se não tivessem ficado por ali!
Mas antes, mil vezes antes, aturar os burgueses da My
Ireland
que estes desta Terra
que parece a pátria deles!
Ó Horror! Os burgueses de Portugal
têm de pior que os outros
o serem portugueses!
A Terra vive desde que um dia
deixou de ser bola do ar
p'ra ser solar de burgueses.
Houve homens de talento, génios e imperadores.
Precisaram-se de ditadores,
que foram sempre os maiores.
Cansou-se o mundo a estudar
e os sábios morreram velhos
fartos de procurar remédios,
e nunca acharam o remédio de parar.
E inda eu hoje vivo no século XX
a ver desfilar burgueses
trezentas e sessenta e cinco vezes ao ano,
e a saber que um dia
são vinte e quatro horas de chatice
e cada hora sessenta minutos de tédio
e cada minuto sessenta segundos de spleen!
Ora bolas para os sábios e pensadores!
Ora bolas para todas as épocas e todas as idades!
Bolas pròs homens de todos os tempos,
e prà intrujice da Civilização e da Cultura!
Eu invejo-te a ti, ó coisa que não tens olhos de ver!
Eu queria como tu sentir a beleza de um almoço pontual
e a f'licidade de um jantar cedinho
co'as bestas da família.
Eu queria gostar das revistas e das coisas que não prestam
porque são muitas mais que as boas
e enche-se o tempo mais!
Eu queria, como tu, sentir o bem-estar
que te dá a bestialidade!
Eu queria, como tu, viver enganado da vida e da mulher,
e sem o prazer de seres inteligente pessoalmente!
Eu queria, como tu, não saber que os outros não valem nada
p'ra os poder admirar como tu!
Eu queria que a vida fosse tão divinal
como tu a supões, como tu a vives!
Eu invejo-te, ó pedaço de cortiça
a boiar à tona d'água, à mercê dos ventos,
sem nunca saber que fundo que é o Mar!
Olha para ti!
Se te não vês, concentra-te, procura-te!
Encontrarás primeiro o alfinete
que espetaste na dobra do casaco,
e depois não percas o sítio,
porque estás decerto ao pé do alfinete.
Espeta-te nele para não te perderes de novo,
e agora observa-te!
Não te escarneças! Acomoda-te em sentido!
Não te odeies ainda qu'inda agora começaste!
Enioa-te no teu nojo, mastodonte!
Indigesta-te na palha dessa tua civilização!
Desbesunta te dessa vermência!
Destapa a tua decência, o teu imoral pudor!
Albarda te em senso! Estriba-te em Ser!
Limpa-te do cancro amarelo e podre!
Do lazareto de seres burro!
Desatrela-te do cérebro-carroça!
Desata o nó-cego da vista!
Desilustra-te, descultiva-te, despole-te,
que mais vale ser animal que besta!
Deixa antes crescer os cornos que outros adornos da
Civilização!
Queria-te antes antropófago porque comias os teus
– talvez o mundo fosse Mundo
e não a retrete que é!
Ahi! excremento do Mal, avergonha-te
no infinitamente pequeno de ti com o teu papagaio:
Ele fala como tu e diz coisas que tu dizes
e se não sabe mais é por tua culpa, meu mandrião!
E tu, se não fossem os teus pais,
davas guinchos, meu saguim!
- Tu és o papagaio de teus pais!
Mas há mais, muito mais
que a tua ignorância-miopia te cega.
Empresto-te a minha Inteligência.
Vê agora e não desmaies ainda!
Então eu não tinha razão?
P'ra que me chamavas doido
quando eu m'enjoava de ti?
Ah! Já tens medo?!
Porque te rias da vida
e ias ensuorar as vrilhas nos fauteuils das revistas
co'as pernas fogo de vistas
das coristas de petróleo?
Porque davas palmas aos compéres e actorecos
pelintras e fantoches
antes do palco, no palco e depois do palco?
Ora dize-Me com franqueza:
Era por eles terem piada?
Então era por a não terem
Ah! Era p'ra tu teres piada, meu bruto?!
Porque mandaste de castigo os teus filhos p'r'ás Belas-Artes
quando ficaram mal na instrução primária?
Porque é que dizes a toda a gente que o teu filho idiota
estuda p'ra poeta?
Porque te casaste com a tua mulher
se dormes mais vezes co'a tua criada?
Porque bateste no teu filho quando a mestra
te contou as indecências na aula?
Não te lembras das que tu fizeste
com a própria mestra de moral?
Ou queres tu ser decente,
tu, que tens dezanove filhos?!
Porque choraste tanto quando te desonraram a filha?
Porque lhe quiseste matar o amante?
Não achas isto natural? Não achas isto interessante?
Porque não choraste também pelo amante?...
Deixa! Deixa! Eu não te quero morto com medo de ti-próprio!
Eu quero-te vivo, muito vivo, a sofrer!
Não te despetes do alfinete!
Eu abro a janela pra não cheirar mal!
Galopa a tua bestialidade
na memória que eu faço dos teus coices,
cavalga o teu insecticismo na tua sela de D. Duarte!
Arreia-te de Bom-Senso um segundo! peço-te de joelhos.
Encabresta-te de Humanidade
e eu passo-te uma zoologia para as mãos
p'ra te inscreveres na divisão dos Mamíferos.
Mas anda primeiro ao Jardim Zoológico!
Vem ver os chimpanzés! Acorpanzila-te neles se te ousas!
Sagra-te de cu-azul a ver se eles te querem!
Lá porque aprendeste a andar de mãos no ar
não quer dizer que sejas mais chimpanzé que eles!
Larga a cidade masturbadora, febril,
rabo decepado de lagartixa,
labirinto cego de toupeiras,
raça de ignóbeis míopes, tísicos, tarados,
anémicos, cancerosos e arseniados!
Larga a cidade!
Larga a infâmia das ruas e dos boulevards
esse vaivém cínico de bandidos mudos
esse mexer esponjoso de carne viva
Esse ser-lesma nojento e macabro
Esse S ziguezague de chicote auto-fustigante
Esse ar expirado e espiritista...
Esse Inferno de Dante por cantar
Esse ruído de sol prostituído, impotente e velho
Esse silêncio pneumónico
de lua enxovalhada sem vir a lavadeira!
Larga a cidade e foge!
Larga a cidade!
Vence as lutas da família na vitória de a deixar.
Larga a casa, foge dela, larga tudo!
Nem te prendas com lágrimas, que lágrimas são cadeias!
Larga a casa e verás - vai-se-te o Pesadelo!
A família é lastro, deita-a fora e vais ao céu!
Mas larga tudo primeiro, ouviste?
Larga tudo!
– Os outros, os sentimentos, os instintos,
e larga-te a ti também, a ti principalmente!
Larga tudo e vai para o campo
e larga o campo também, larga tudo!
– Põe-te a nascer outra vez!
Não queiras ter pai nem mãe,
não queiras ter outros nem Inteligência!
A Inteligência é o meu cancro
eu sinto-A na cabeça com falta de ar!
A Inteligência é a febre da Humanidade
e ninguém a sabe regular!
E já há Inteligência a mais pode parar por aqui!
Depois põe-te a viver sem cabeça,
vê só o que os olhos virem,
cheira os cheiros da Terra
come o que a Terra der,
bebe dos rios e dos mares,
- põe-te na Natureza!
Ouve a Terra, escuta-A.
A Natureza à vontade só sabe rir e cantar!
Depois, põe-te a coca dos que nascem
e não os deixes nascer.
Vai depois pla noite nas sombras
e rouba a toda a gente a Inteligência
e raspa-lhos a cabeça por dentro
co'as tuas unhas e cacos de garrafa,
bem raspado, sem deixar nada,
e vai depois depressa muito depressa
sem que o sol te veja
deitar tudo no mar onde haja tubarões!
Larga tudo e a ti também!
Mas tu nem vives nem deixas viver os mais,
Crápula do Egoísmo, cartola d'espanta-pardais!
Mas hás-de pagar-Me a febre-rodopio
novelo emaranhado da minha dor!
Mas hás-de pagar-Me a febre-calafrio
abismo-descida de Eu não querer descer!
Hás-de pagar-Me o Absinto e a Morfina
Hei-de ser cigana da tua sina
Hei-de ser a bruxa do teu remorso
Hei-de desforra-dor cantar-te a buena-dicha
em águas fortes de Goya
e no cavalo de Tróia
e nos poemas de Poe!
Hei-de feiticeira a galope na vassoura
largar-te os meus lagartos e a Peçonha!
Hei-de Vara Magica encantar-te Arte de Ganir
Hei-de reconstruir em ti a escravatura negra!
Hei-de despir-te a pele a pouco e pouco
e depois na carne-viva deitar fel,
e depois na carne-viva semear vidros,
semear gumes,
lumes,
e tiros.
Hei-de gozar em ti as poses diabólicas
dos teatrais venenos trágicos do persa Zoroastro!
Hei-de rasgar-te as virilhas com forquilhas e croques,
e desfraldar-te nas canelas mirradas
o negro pendão dos piratas!
Hei-de corvo marinho beber-te os olhos vesgos!
Hei-de bóia do Destino ser em brasa
e tua náufrago das galés sem horizontes verdes!
E mais do que isto ainda, muito mais:
Hei-de ser a mulher que tu gostes,
hei-de ser Ela sem te dar atenção!
Ah! que eu sinto claramente que nasci
de uma praga de ciúmes.
Eu sou as sete pragas sobre o Nilo
e a Alma dos Bórgias a penar!...
de José Almada Negreiros
poeta sensacionista
e Narciso do Egipto
- José de Almada Negreiros
Instrução do Dia
É preciso sempre levarmos imediatamente os nossos pensamentos à acção. Só assim verificamos, e não levamos muito tempo a descobrir, o seu grau de correcção e a sua viabilidade prática. Cada vez que repetirmos a execução de uma ideia, mais erros e imperfeições nela encontraremos. – A. D.
Thursday, May 15, 2008
Frase do Dia
Só a petulância permite levar a cabo o que quer que se empreenda. O excesso da força é a prova da força. – Friederich Nietzche
Poema do Dia
Leve, leve, muito leve,
Um vento muito leve passa,
E vai-se, sempre muito leve.
E eu não sei o que penso
Nem procuro sabê-lo.
- Alberto Caeriro (Fernando Pessoa)
Símbolo do Dia
Se o pão é o símbolo do que o homem precisa, por seu lado o vinho é o símbolo da superabundância da qual também temos necessidade. Ele é sinal da alegria, da transfiguração da criação. Tira-nos da tristeza e do cansaço do dia a dia e faz do estar juntos uma festa. Alegra os sentidos e a alma, solta a língua e abre o coração; e transpõe as barreiras que limitam a nossa existência. - Joseph Ratzinger, Papa.
Wednesday, May 14, 2008
Frase do Dia
A capacidade do génio é apenas o poder de fazer esforços contínuos. Um pouco mais de esforço e o que parecia um fracasso inevitável pode transformar-se num glorioso sucesso. Não há fracasso a não ser em não tentar outra vez, não há derrota excepto a interior, nem barreira realmente insuperável salvo a própria fraqueza de intenções inerente ao homem. – A. D.
Momento Revivalista do Dia
Momento
A beleza selvática e oriental de umas dunas ao pôr-do-sol, com o mar pelo fundo. O perfume intenso de uma presença, um volver de olhos, o impacto da surpresa. A energia militar transmitida por uma turbulência musical. A ampliação do sentimento oferecida pela música, em intensidade e duração. O fantástico e multifacetado colorido do êxtase, completo, fascinante.
Olha para dentro de si e espanta-se. Sente-se despertar para uma sensualidade violenta, quase dolorosa. Entra no ritmo, entontecida, louca. As suas mãos movem-se descontroladamente, ávidas de contactos, todo o seu corpo vibra. Estremecimentos percorrem-na de ponta a ponta, como se de frio se tratasse. Geme. Não! Não!, Não!... Os seus “nãos” já não têm força. O olhar arde-lhe de tão fixo, a saciedade lida no rosto.
- C@nd., Setembro de 1978
Tuesday, May 13, 2008
Frase do Dia
O fracasso não é o único castigo para a preguiça: Ainda há o sucesso dos outros. - Jules Renard
Poema do Dia
CÂNTICO NEGRO
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: “vem por aqui”!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali …
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha Mãe.
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos …
Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: “vem por aqui”?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí …
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?…
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos …
Ide! tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios …
Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: “Vem por aqui”!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou …
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
-Sei que não vou por aí!
Acrónimo do Dia
CU: Lê-se "See You" (“Vejo-te” – abreviação de “See You Later”, “vejo-te mais tarde”, e que significa “até depois”, “até logo”, ou “até breve”)
Vinho do Dia
(...) Respondem os adeptos de Baco aos que acusam o álcool de matar lentamente: Não temos pressa! - Sérgio de Paula Santos
Monday, May 12, 2008
Pensamento Pedagógico do Dia
A Educação versus Ciência, Disciplina, Liberdade e Segurança
Penso por isso que uma certa dos de disciplina na educação é necessária, não somente por razões de saúde, mas também para habituar as crianças a um comportamento social que torne desnecessárias as contendas perpétuas. A formação do hábito deve, pois, desempenhar um papel importante na primeira educação.
Há no entanto uma espécie de liberdade que a educação devia preservar, embora raramente o faça. Refiro-me à liberdade emocional. As razões que a recomendam são várias: por um lado, um domínio demasiado sobre as emoções é amortecedor e provoca uma perda de vitalidade; por outro lado, as emoções que não encontram uma saída tornam-se num mal e acabam por se transformar noutras muito mais perniciosas. Há ainda uma terceira razão: sempre que uma sociedade é demasiado limitada por regras convencionais, consideram-se indesejáveis muitas emoções que de facto são inofensivas.
Ao passo que a disciplina é necessária, tanto em relação aos factos científicos, como em relação a alguns hábitos úteis à vida social, já a educação deve exercer a menor disciplina possível sobre as emoções. Acima de tudo, nunca se deve forçar uma criança a exprimir um sentimento que não seja sincero. Com raras excepções, o que é necessário é uma acção positiva e não negativa. O importante é o que a criança faz, não aquilo que não faz. (…)
A criança precisa principalmente de duas coisas: liberdade para se desenvolver e segurança. A segurança, encontra-a na afeição e rotina. As crianças não se sentem em segurança quando não sabem mais ou menos o que as espera. Embora deixem de estar rodeadas de tabus, não se podem abandonar inteiramente à sua iniciativa. Os adultos inteligentes devem sugerir-lhes ocupações que lhes agradem e terão a arte de lhas sugerir num tom de voz que as incline mais a dizer “sim” do que “não”.
- Bertrand Russell.
Definição do Dia
Português é racista amador. Noutros países, os pretos estão de um lado e os brancos do outro. Vejam o Brasil: é um confusão danada. Eu gosto disso. – Caetano Veloso
Provérbio do Dia
Não se vê a trave que se tem no olho e vê-se um argueiro no do vizinho. — Aliena vitia in oculis habemus, a tergo nostra sunt.
Sunday, May 11, 2008
Friday, May 9, 2008
Poema do Dia
Ó Gente da Minha Terra
É meu e vosso este fado
destino que nos amarra
por mais que seja negado
às cordas de uma guitarra
Sempre que se ouve um gemido
duma guitarra a cantar
fica-se logo perdido
com vontade de chorar
Ó gente da minha terra
agora é que eu percebi
esta tristeza que trago
foi de vós que a recebi
E pareceria ternura
se eu me deixasse embalar
era maior a amargura
menos triste o meu cantar
Ó gente da minha terra
Ó gente da minha terra
agora é que eu percebi
esta tristeza que trago
foi de vós que a recebi
- Amália Rodrigues
Comparação Vínica do Dia
Os vinhos são como os homens: com o tempo, os maus azedam e os bons apuram. - Cícero
Provérbio do Dia
Mais vale quem Deus ajuda do que quem cedo madruga. — Auxilium superum humanis viribus praestat.
Thursday, May 8, 2008
Pensamento do Dia
O Analfabeto Político
Não há pior analfabeto que o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. O analfabeto político é tão burro que se orgulha de o ser e, de peito feito, diz que detesta a política. Não sabe, o imbecil, que da sua ignorância política é que nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, desonesto, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo.
- Bertolt Brecht (1898-1956)
Wednesday, May 7, 2008
Frase do Dia
Despreocupados, corajosos, violentos, assim nos quer a sabedoria. É mulher e não gosta senão de guerreiros. – Friederich Nietzche, em “Assim falava Zaratusta”
Poema do Dia
Os pastores de Virgílio tocavam avenas e outras cousas
E cantavam de amor literariamente.
(Depois - eu nunca li Virgílio.
Para que o havia eu de ler?)
Mas os pastores de Virgílio, coitados, são Virgílio,
E a Natureza é bela e antiga.
- Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
Tuesday, May 6, 2008
Frase do Dia
Os sonhos defeituosos precisam de ser alimentados frequente e vigorosamente. - Joseph L. Badaracco, Jr.
Texto do Dia
Os Génios do Pragmatismo
Estes estilistas da vida moderna são muito poucos, o que é bastante estranho. De facto, a actual subordinação das pessoas às ondas dos estilos em voga, a surgir por todos os lados as marés do “nice” e do ”uau”, seria de esperar um crescimento desenfreado de “géninhos” da moda e da originalidade. Não obstante, o que sucede é precisamente o contrário e, salvo casos raros, as pessoas acabam por se identificar bastante umas com as outras, aborrecendo-se com isso sobremaneira. (…)
Há então que procurar ser diferente, porque é isso que todos fazem! O jogo recomeça, adquirindo novos matizes, cheios de graça e encantamento, voltando os seus intervenientes irremediavelmente a encontrar-se, comungando os seus pensamentos e aspirações. Mesquinho, pura e simplesmente mesquinho! Por muito que se esforcem, não podem inovar nada que não o tenha já sido, portanto mais vale desistir e esperar até o momento de poder criar algo de refrescantemente novo. Desabituam-se então de conceber, submetem-se ao horroroso e pragmático processo de aquisição cultural e, quando atingem as condições ideais (com mais de cinquenta anos, preparados para começar a estudar, como dizem os entendidos), podem então começar a criar à vontade, já depois de terem recebido aquela multidão de marteladas no inconsciente que as impedem de se abrir e sair da esfera do tísico, rígido e anti-criativo ambiente em que voluntariamente se alaparam. (…)
E era girando naqueles meandros de incerteza e dos falsos prodígios daquele ou aqueloutro método, que eles criavam cousas criadas, aos centos, mas novas para eles, tão novas quão velhas lhes parecem todas as coisas agora, que já não podem voltar atrás, para readquirir aquela saudosa maleabilidade que lhes enchia o espírito e a alma, e transbordava para os outros e para eles mesmos, até encher e inundar as ruas e os prédios e o mundo à sua volta, e nadar no meio de toda aquela confusão de ervas e plásticos a flutuar, de noite, com a lua por detrás das nuvens a sorrir para eles….
E é cair-se em extremos de ter pena de já não poder confundir uma mesa de bilhar com um campo de golfe, continuar a discutir o sexo dos anjos, tornar a ser o subtipo vulgar de uma espécie frequente, e de gritar que se deve dar a César o que é de César, esta e todas essas tolices sem fim, num desfiar que era a vida, antítese da morte, que é amiga das coisas velhas e conservadoras, atafulhadas de quilos e quilos de pragmatismo que dança com ela todos os dias, sempre a mesma dança, ao som do mesmo instrumento, tocado pelos mesmos músicos, … na mesma sala… fúnebre. (…)
Como dizia o poeta, quando lhe acontecer, você saberá que é verdade.
- C@nd.
Corolários de Murphy do Dia
Regras do Laboratório:
- Se uma experiência resulta, algo correu mal.
- Quando não souber o que está a fazer, faça-o de uma forma organizada.
- As experiênciaa são reprodutíveis, devem todas fracassar sempre do mesmo modo.
- Nos gráficos, primeiro desenhe as suas curvas, depois trace os seus dados.
- A experiência é directamente proporcional ao equipamento arruinado.
- Mantenha sempre um registo dos seus dados. Indica que esteve a trabalhar.
- Para fazer realmente bem seu trabalho, tenha o seu relatório feito bem adiantado.
- Se não consegue obter a resposta do modo habitual, comece na resposta e conclua a pergunta.
- Em caso de dúvida, faça com que soe convincente.
- Não acredite em milagres - confie neles.
- O trabalho de equipa é essencial, permite-lhe culpar outra pessoa qualquer.
- Todos os balões de ensaio contêm venenos extremamente tóxicos e de actuação rápida.
- Nenhuma experiência é um completo fracasso. Serve pelo menos como exemplo negativo.
- Toda a peça de vidro cara e delicada partirá antes que algum uso lhe possa ter sido dado.
- Arthur Block