Olhos
São raios que se cruzam, surgindo de relance,
Aspectos que transbordam
São como lagos escuros e límpidos, sem fundo,
Em que as pupilas
Traduzem o lugar onde a pedra foi cair
Cortando essa serenidade
Em ondas concêntricas.
São, molhados e meigos,
Produtos manufacturados, pretensões estultas, líquidas.
São da alma raízes húmidas
E tenazes contra os incêncios
(embora quando se incendeiem,
Peguem fogo a tudo à sua volta),
Deliciosos apoios, quando sobressaiem
Nas escarpas arborizadas,
Até dá vontade de cair, de tão agradáveis ao tacto,
Mergulhar na água gelatinosa e transparente
Sem o medo de batermos no fundo
(Porque não há fundo, não esqueçam.
Se houvesse, eles seriam pobres e velhos
Como terminam sempre por chegar a ser
Quando açorearem, desiludidos,
de areias de enfastiamento).
Não raízes, não ardam, para já,
Deixai-me crescer, em vós apoiado;
Embora derretendo tudo
Com a vossa presença inquieta, irrigante,
Que essa quente luminosidade
Envolva o mundo
E o acaricie
E seja decidida, e nunca fanática,
E seja, sobretudo,
Vossa.
- C@nd.
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