Prevalências
Mas há sempre um ponto avançado.
Uma ideia prevalente.
Há, talvez por necessidade,
Sempre presente e remoto,
Qualquer quimismo íntimo,
Mais de acordo
Com o desejo incansável
De crescer e não crescer: sermos nós.
Há, impossível que não haja,
Celebrações aproximativas,
De êxtases que queremos ressuscitar.
Na Pompéia do nosso descontentamento
Escondem-se soterradas
As razões do nosso descontentamento.
Na poesia
Se revela também este
Desgostooso gosto pelo
Misterioso desconhecido,
Porque o poeta sabe
Sem dúvida que das ruínas
Se constroem
Civilizações.
Sem sentido, nem verdades, sem
Esperança,
Continua a haver na vida
Um ponto avançado, uma
Ideia prevalente.
- Eduardo Saraiva, 13 de Abril de 1979
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