Pensamento do Dia

Empatia na Investigação Psicológica

Posso entrar em relação convosco, mas vós podeis também entrar em relação comigo. Estou consciente dessa relação de mim convosco e de vós comigo; e sei que estais conscientes dessa mesma relação. Sentimos esta dupla consciência e sabemos que sentimos esta dupla consciência, e assim sucessivamente, Eu totalizo e nós totalizamos essa experiência de relação recíproca. As nossas relações são determinadas pela maneira como entramos em relação; eu actuo sobre vós e vós actuais sobre mim, e nós actuamos respectivamente quer sobre as nossas experiências quer sobre os nossos comportamentos. Compreendo a situação através da experiência que dela possuo, e o estudo dessa situação passa pelo estudo que eu faço de mim próprio. O investigador deve tornar-se ele mesmo uma pessoa em estudo. Deste modo, eu compreendo o teu comportamento e a tua experiência através da compreensão de mim próprio, e compreendo-me a mim mesmo através da minha compreensão de ti. Não se entra em relação com uma pessoa como se entra em relação com um organismo. Entrar em relação com um outro implica que lhe reconheço a possibilidade de actos intencionais, de projectos. Agindo desse modo com o outro, espero que por sua vez ele aja desse modo comigo. Assim não poderei considerar o outro como uma máquina, uma coisa, caso contrário tornarei inválida a sua experiência, isto é, recusar-me-ei a reconhecer a sua experiência. Experiência essa que ele deve ter nesse momento, dele mesmo, de mim próprio e de ambos, na relação que estabelecemos. - Chantal Bosseur